domingo, 15 de junho de 2008

tentativa.

Quando cheguei em casa vi uma cena que nunca mais esqueci: minha mãe deitada no tapete da sala. Pensei que estivesse caído do sofá em quanto dormia, mas logo vi que não era nada disso. Depois de meu pai virar o corpo dela, a mancha de sangue apareceu e ao lado uma faca. Aquilo foi uma tentativa de suicídio, apenas uma tentativa, porque ainda respirava mesmo com dificuldades. Meu pai começou a gritar comigo como se eu fosse a culpada de toda aquela cena. Naquela hora o desespero tomou conta de mim. Ainda bem que chegou minha tia. Vendo-me chorar, ela me abraçou forte, me dando segurança de fazendo com que eu não escutasse as coisas que meu pai dizia. Depois ligou para o hospital. Fui até o porão, abracei meu ursinho velho e chorei com medo de que acontecesse algo de grave com minha mãe, que mesmo sendo mal-humorada, é a minha mãe! Passado todo o susto, criei coragem de fui ver meu pai. Estava chorando, olhando a janela cheia de neve como se esperasse um sinal de que a sua mulher estava bem, que não corria risco de vida. Fiz barulho, ele olhou para mim, o seu bigode parecia não demonstrar mais aquele cara bravo, mas sim uma criança que precisava de carinha, como eu precisava. Ele me falou para me sentar em seu colo.
-Me desculpe, estava nervoso!
-Tudo bem papai.
O abraço seria inevitável naquela hora. Estavam lá, as duas crianças e uma tia olhando para a janela de um dia que nunca mais seria lembrado por eles, até este momento.

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